Published in Brazil - Social interactions and entertainment - 26 Mar 2017 10:37 - 5
Esse é um poema feito pelo escritor pernambucano Manuel Bandeira. Uma obra repleta de comicidade e idealismo de vida para os homens... E em toda aventura que nos arriscamos, há um pouco de idealismo, há uma vida sonhada, que talvez possa dar certo e talvez não dê. Mas a comicidade e a ironia é a melhor forma de combater os fracos. E a comicidade e a ironia é a melhor forma de viver os sucessos. Porque saber rir de si mesmo é a melhor armadura para enfrentar o mundo: vou-me embora pra Pasárgada.
Adeus eBrasil...
Jose Mouro
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu năo sou feliz
Lá a existęncia é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilizaçăo
Tem um processo seguro
De impedir a concepçăo
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de năo ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Adeus eBrasil...
Jose Mouro
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