Quem tiver interesse, acessem o capítulo 1 AQUI.

“Ao sair da luz e adentrar a escuridão, segura a minha mão. Não a solte por nenhum instante, ou a Ratazana lhe fará cair na perdição”.

Este relato foi transcrito no dia 287 do eMundo. E recomendo que soltem o som enquanto leem esta humilde crônica…






Eis que, ao saborear a essência do meu fumo de rolo, creio que o último que havia no estoque (que droga), vou para dentro de meu pequeno casebre e ativos os botões para iniciar a produção de minhas minas de ferro e extrair o recurso, de forma a garantir o pão nosso de cada dia. Enquanto as máquinas produzem, eu pego um pouco de café que se mantém aquecido ao bule e um pedaço generoso de pão italiano. E encontro um resto de charuto há muito esquecido na gaveta da escrivaninha (o que me deixou um tanto aliviado). Acendo-o para acompanhar o café e as lembranças de outrora voltam com a clareza da qual eu ainda sou provido e do que me foi dito…

Eis que o Brasil havia sobrevivido a um ataque multifront e entrávamos em uma época de ascensão econômica, militar e, “teoricamente”, social. A colaboração interpartidária entre as frentes ditas antagônicas haviam celebrado um acordo de cooperação mútua para o lutarem em prol e para o Brasil, permitindo que houvesse uma linha de trabalho conjunta e frutífera para toda a comunidade, independente das divergências anteriores. A discórdia estaria superada e o futuro do sol ameno e radiante aguardava a todos. No entanto…

- Arquiduque da Vileza! Trago notícias do outro lado do grande oceano! E não são nada agradáveis, Milorde!

- Diga, infeliz Uracheque Borrachudo! O que é que pode ser tão ruim para me desagradar durante as confabulações malignas em nome da Grande Ratazana?

- É que... Num sei se digo... É um negóço meio encabulado... Rapaz... É foda sobrar pra mim uma parada dessas... Será que eu falo?

- Eu acho melhor não testar a minha paciência, Uracheque... Creio que a aura da Grande Ratazana pode lhe dar a ideia que você nunca quis ter se continuar com essa imbecilidade...

- A Irmandade do Papagaio e os Trolls inaram um acordo de cooperação mútua e vão lançar o Grande Anão Verde para a Presidência, Putrefância Suprema.

- COMO É QUE É, SUA ANTA VINDA DOS PORÕES CATINGUENTOS DO MAKAI?! ELES O QUÊÊÊÊÊ?!

- E a Corporação Caranguejo, com seu CEO NAPattan K. Russell, articulou os termos de cooperação com aquele Big Bigode, ó Alcoviteiro das Profundezas!

- Mal-di-çãããããããoooo!, urrou veementemente o Grão-Mestre, buscando ainda lembrar em sua mente onde havia perdido as botas que lhe custaram 30 FRF.

- Eu mesmo irei ver no satélite espião essa sua falinha. Se for alguma mentira sua, suas vísceras serão a oferta do dia para o Culto da Mosca Varejeira!

Porém, o que o grão-mestre via por seu monitor era a verdade que ele e a seita não esperavam e que frustraria todos os planos de retorno e domínio: A Irmandade do Papagaio e os Trolls haviam decidido trabalhar em parceria para o bem do Brasil. Os membros da Cúpula dos Putrefos, a mais alta escala dos Discípulos da Grande Ratazana, estavam sendo informados, verificando as informações, murmurando pragas e quase se conformando com tamanha frustração que as ambições dos mesmos haviam sido submetidos. Mas eis que surge a voz de um membro, oculto nas trevas da escuridão mais profunda do salão, que não havia esboçado uma única mudança no semblante durante a choradeira, tal qual um fantasminha camarada, calmamente profere a sentença:

- Use o scanner de matiz* nas imagens do satélite e refaça a transmissão, uma voz um tanto dispersa, mas audível, foi proclamada da entrada do Hall.

O grão-mestre observa com uma certa estranheza, em seu semblante adunco e consumido pela energia putrefa, a figura oculta, mas já resignado pela tristeza e sem conseguir delinear quem era a figura misteriosa, manda que os serviçais peguem as imagens e usem o filtro de matiz nas imagens.

Os olhares dos espectadores, antes já vazios, resignados e alquebrantados, começaram a mudar. Uma pequena chama negra se acendeu nos olhares que apenas mostravam o nada de suas almas, e foi ganhando mais combustível à medida que as imagens iam sendo transmitidas. O silêncio começou a ser quebrado e foi substituído por risadas de uma monstruosidade sem nome e cacofonias foram proferidas em todas as línguas desconhecidas do homem. O grão-mestre entrava em êxtase puro e até mesmo pôde se ver uma lágrima negra escorrer por seu rosto necrosado. E o elemento fantasmagórico, ao fundo de toda a plateia, que não havia esboçado um único movimento por toda a reunião, finalmente mostrou um leve e consistente sorriso em seu maxilar pelo seu trunfo: Encontramos uma matiz potencialmente PUTREFA no eBrasil.


*Para quem ainda não sabe, o scanner de matiz é uma ferramenta desenvolvida pela Cave Chaos Corp., com a devida benção do Sistema Sibyl, para ler a essência psíquica do indivíduo no momento em que executa alguma ação e é medido no sistema binário de cores (Branco/Preto). Quanto mais escura a matiz for, maior o grau de perversidade e outros elementos negativos o indivíduo é carregado. De certa forma, quanto mais escura a matiz, mais suscetível à Grande Ratazana o indivíduo será.

Editor e Trilha Sonora: JYUZO OKITA
Imagens: LUCCA MAZAROTTI

For our foreign friends: Don’t worry, dudes. We are writing these chronicles and as we can complete a good amount of chapters, we’ll translate it to english and spanish as soon as possible.

Para nosotros amigos extranjeros: No vos preocupen, compañeros. Estamos a escribir estas crónicas y así que tenermos una cantidad buena de capítulos, estaremos a transcribir para inglés y español lo más rápido posible.